Usabilidade, Acessibilidade e SEO: Reflexões a partir de um curso transformador

usabilidade

Em dezembro de 2007, fiz um curso de usabilidade na UFRGS com os professores Carla Freitas e Marcelo Pimenta, referências na área.

A experiência foi extremamente rica, não apenas pelo conteúdo abordado, mas também pelo networking com outros profissionais interessados em melhorar a experiência digital de seus usuários.

O curso foi estruturado de forma prática e interativa, com foco em heurísticas de usabilidade, acessibilidade, testes com usuários, e análise de problemas reais em interfaces. Entre discussões e exercícios, pude aplicar conceitos fundamentais que até hoje influenciam minha abordagem em projetos digitais.

As 10 heurísticas de Nielsen

Durante o curso, utilizamos ferramentas clássicas da avaliação de usabilidade, como as dez heurísticas de Nielsen [Nielsen, 1994], que ainda hoje servem de referência em análises de interfaces. São elas:

  1. Visibilidade do status do sistema
  2. Compatibilidade entre o sistema e o mundo real
  3. Liberdade e controle do usuário
  4. Consistência e padronização
  5. Prevenção contra erros
  6. Reconhecimento em vez de lembrança
  7. Flexibilidade e eficiência de uso
  8. Estética e design minimalista
  9. Auxílio para reconhecimento, diagnóstico e recuperação de erros
  10. Ajuda e documentação

Essas heurísticas são ferramentas poderosas para identificar problemas que afetam a usabilidade e que muitas vezes passam despercebidos em processos tradicionais de design e desenvolvimento.

Critérios ergonômicos

Também estudamos os critérios ergonômicos definidos por Bastien e Scapin [1993], que ampliam a análise com foco em aspectos cognitivos e perceptuais. Dentre os 18 critérios propostos, um dos que mais me marcou foi o da legibilidade, definido por eles como:

“Refere-se às características léxicas que as informações apresentam na tela de forma a facilitar a sua compreensão. Devem ser considerados fatores como brilho, contraste, cor, tamanho da fonte, espaçamento, entre outros.”

Ou seja, para além de conteúdo útil, é necessário que o usuário consiga ler e interpretar as informações com clareza e conforto visual.

Outro conceito importante abordado foi o percurso cognitivo — uma técnica de avaliação centrada no usuário que analisa os passos necessários para concluir uma tarefa. Esse método nos ajuda a responder perguntas como:

  • As ações estão claras para o usuário?
  • Ele conseguirá perceber os elementos corretos?
  • Há feedback adequado após cada ação?

O percurso cognitivo, combinado à análise heurística, forma um excelente combo para diagnosticar problemas e construir interfaces mais intuitivas.

Usabilidade e SEO

Naquela época, já se falava da convergência entre usabilidade e otimização de sites (SEO) — algo que hoje é absolutamente essencial. Não adianta estar bem posicionado no Google se o seu site não está preparado para converter. Um bom SEO precisa ir além das técnicas para robôs e considerar, de forma profunda, a experiência do usuário.

Muitos profissionais ainda acreditam que estar na primeira página é suficiente. Mas o verdadeiro desafio está em entregar valor quando o usuário acessa seu site: clareza nas informações, rapidez no carregamento, fluidez na navegação, facilidade para concluir ações. SEO sem usabilidade vira frustração, não resultado.

Acessibilidade

Por que os mecanismos de busca valorizam tanto o atributo alt nas imagens? Por que o W3C estabelece diretrizes tão rígidas de padronização? Porque a web deve ser para todos.

A acessibilidade não é só um requisito técnico — é um compromisso com a inclusão. Sites acessíveis alcançam mais pessoas, evitam barreiras, promovem respeito. E não precisa ser difícil: começa com boas práticas de HTML, contraste, navegação por teclado, descrição de imagens, etc.

Conclusão

O curso foi excelente. A turma estava motivada e os professores mostraram domínio total do conteúdo, com uma didática inspiradora. Saí convencido de algo que venho defendendo desde então:

“Não basta chegar ao site. É preciso conseguir usar o site.”

Usabilidade, acessibilidade e SEO não são disciplinas isoladas — elas se cruzam, se complementam e formam a base de qualquer projeto digital bem-sucedido.

(Atualizado em 20/06/2025)

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