A estrutura semântica de um site é um dos elementos que mais influenciam sua encontrabilidade.
Ou seja, a capacidade de ser corretamente interpretado por mecanismos de busca e outros sistemas automatizados. Nesse cenário, os microformatos surgiram como uma forma simples e eficiente de atribuir significado ao conteúdo da web, conectando dados visíveis a informações que robôs e sistemas podem entender. Mas em meio a tantas transformações na Web, será que os microformatos ainda têm espaço no SEO moderno?
O que são microformatos?
Microformatos são padrões de marcação que utilizam atributos HTML comuns (como class
) para adicionar contexto semântico a informações de uma página, como nome de pessoas, empresas, endereços, telefones e avaliações. O objetivo é permitir que essas informações sejam interpretadas tanto por humanos quanto por máquinas — incluindo navegadores, buscadores, assistentes virtuais e agregadores de dados.
Como define Aarron Walter, no livro Construindo Websites que Todos Encontram:
“Microformatos são métodos padronizados para marcação de conteúdo comum usando nomes de classes CSS e HTML simples e semânticos, permitindo que as máquinas leiam e entendam os dados que, de outra forma, seriam inteligíveis apenas para humanos.”
Essa camada de significado facilita a integração com sistemas externos, melhora a usabilidade e amplia a utilidade dos dados, o que é especialmente valioso para estratégias de SEO técnico.
O papel dos microformatos na encontrabilidade
No contexto do SEO, os microformatos têm uma função importante: tornar o conteúdo mais compreensível para os robôs dos buscadores. Isso aumenta a chance de um conteúdo ser interpretado corretamente, associado à intenção de busca certa e exibido de forma destacada nas SERPs (páginas de resultado de busca).
A semântica é o elo entre o conteúdo e o significado. Quando você diz ao Google que um bloco de texto representa um “endereço comercial”, um “nome de empresa” ou uma “avaliação”, você está facilitando o trabalho do buscador. Esse esforço é recompensado com maior precisão nos resultados, melhores chances de rich snippets e mais tráfego qualificado.
Nos últimos anos, os microformatos perderam espaço para formatos mais modernos como o JSON-LD, que hoje é o recomendado oficialmente pelo Google. Ambos têm o mesmo objetivo — enriquecer a semântica do conteúdo —, mas adotam abordagens diferentes.
Microformatos são embutidos diretamente no HTML, visíveis tanto para usuários quanto para robôs, o que os torna fáceis de aplicar em sites estáticos ou simples. Já o JSON-LD é separado do conteúdo visual e inserido em scripts no <head>
ou no <body>
da página. Ele permite mais flexibilidade, é mais limpo e se adapta melhor a sites dinâmicos, como os desenvolvidos em React ou Angular.
Apesar disso, os microformatos ainda são encontrados em muitos temas prontos de CMSs como WordPress, Joomla e Drupal, além de projetos menores que não exigem uma estrutura complexa de dados estruturados.
E os rich snippets?
Um dos pontos mais debatidos é se os microformatos ainda impactam diretamente os rich snippets — como estrelas de avaliação, nome do produto ou informações de preço nos resultados de busca.
A resposta curta é: sim, podem impactar, embora hoje o uso do JSON-LD seja preferido.
Ainda há suporte por parte do Google para algumas propriedades baseadas em microformatos, especialmente quando bem aplicadas. Contudo, a documentação oficial e os testes de resultados enriquecidos deixam claro que a evolução caminha no sentido da adoção do schema.org com JSON-LD.
Exemplos de microformatos em e-commerce
No contexto de e-commerce, aplicar marcações semânticas pode fazer com que o seu produto se destaque nos resultados de busca. Veja alguns exemplos corretamente estruturados:
Avaliação de produto com hReview
<div class="hreview">
<div class="item">
<span class="fn">Mouse Gamer RGB</span>
</div>
<span class="rating">4.5</span>
<span class="reviewer vcard">
<span class="fn">João Silva</span>
</span>
<abbr class="dtreviewed" title="2025-06-20">20 de junho de 2025</abbr>
</div>
Este exemplo permite que os mecanismos de busca compreendam a avaliação de um produto, associando nome, nota, autor e data da avaliação.
Informações de produto com hProduct
<div class="hproduct">
<span class="fn">Teclado Mecânico Pro</span>
<span class="brand">Marca XYZ</span>
<span class="price">R$ 349,00</span>
</div>
Aqui temos uma estrutura básica de produto contendo nome, marca e preço. Embora availability
não seja parte dos microformatos clássicos, pode ser complementada com dados estruturados JSON-LD se necessário.
Observação sobre breadcrumbs
Breadcrumbs são frequentemente utilizados em e-commerces, mas não são contemplados nos microformatos oficiais. A melhor forma de estruturá-los é com schema.org, preferencialmente em JSON-LD:
{
"@context": "https://schema.org",
"@type": "BreadcrumbList",
"itemListElement": [
{
"@type": "ListItem",
"position": 1,
"name": "Home",
"item": "https://www.seusite.com/"
},
{
"@type": "ListItem",
"position": 2,
"name": "Periféricos",
"item": "https://www.seusite.com/perifericos"
},
{
"@type": "ListItem",
"position": 3,
"name": "Mouse Gamer",
"item": "https://www.seusite.com/perifericos/mouse-gamer"
}
]
}
Então ainda vale a pena usar?
Depende.
Se você está trabalhando com um projeto pequeno, com HTML simples e sem recursos de JavaScript dinâmico, os microformatos ainda podem ser uma forma eficaz de enriquecer semanticamente o conteúdo. Eles são fáceis de aplicar, exigem pouco conhecimento técnico e trazem ganhos interessantes para a interpretação do conteúdo por robôs.
No entanto, para projetos mais robustos, com foco em performance, indexação aprimorada e compatibilidade com tecnologias modernas, o ideal é investir na implementação de dados estruturados via JSON-LD. Isso garante aderência às práticas mais recentes, melhor controle e escalabilidade para grandes volumes de conteúdo.
Recursos para estudo e implementação
Site oficial: https://microformats.org
Documentação de dados estruturados do Google: https://developers.google.com/search/docs/appearance/structured-data/intro
Validador de resultados enriquecidos: https://search.google.com/test/rich-results
Schema Markup Validator: https://validator.schema.org
Considerações finais
Os microformatos representaram uma revolução na forma como estruturamos conteúdo na web. Ainda que não sejam mais o padrão preferido dos buscadores, eles abriram caminho para o que hoje conhecemos como Web Semântica. Compreendê-los continua sendo essencial para qualquer profissional de SEO que deseja dominar as bases do SEO técnico.
Se seu projeto exige simplicidade, eles podem ser uma escolha válida. Mas se o foco é performance, escalabilidade e resultados mais previsíveis nas SERPs, adotar JSON-LD com vocabulário schema.org é o melhor caminho.
(Atualizado em 20/06/2025)