Webwriting e Regras Editoriais para WEB

escrevendo

Há alguns anos, tive contato com o livro Guia de Estilo Web, que me trouxe insights muito valiosos sobre a produção de conteúdo para ambientes digitais.

Um dos pontos centrais da obra é a defesa de que normas clássicas do jornalismo devem ser reaproveitadas na web, pois colaboram para a clareza, a ética e a relevância da informação.

A autora destaca princípios consagrados como: definir a importância da notícia, identificar fotos corretamente, reescrever textos de outras fontes (cozinhar notícias), classificar fontes, evitar bairrismo (apego excessivo a bairro, cidade ou Estado), evitar barriga (erro factual), fazer errata quando necessário, ser plural, apartidário e crítico, e não deixar de publicar um furo dado por outro veículo, oferecendo desdobramentos.

Concordo plenamente. Aplicar esses princípios à produção digital contribui para diminuir a carga cognitiva do usuário e melhorar a interpretação da informação, além de facilitar a transição para quem está acostumado com os meios impressos.

Recomendações importantes de conteúdo para Web

A seguir, comento algumas das recomendações apresentadas no livro, complementadas com minha experiência prática e referências de outros autores relevantes como Steve Krug, Jakob Nielsen e os clássicos Bastien e Scapin.

Adjetivos: restrinja o uso

“Evitar o uso de adjetivos é evitar o ‘papo alegre’” — Steve Krug, 2006

Adjetivos exagerados como “fantásticos”, “imperdível” ou “a melhor empresa” são vazios. Não ajudam o leitor e muito menos os mecanismos de busca. Em vez disso, ofereça dados objetivos: preço, funcionalidade, suporte, tempo de entrega, usabilidade real. Isso sim agrega valor.

Anos e décadas: escreva por extenso

“Não existe ‘96’ como referência a 1996.”
A recomendação é sempre usar datas completas, mesmo quando o evento tenha ocorrido recentemente. Isso não só melhora a precisão editorial como também beneficia o SEO: usuários que buscam por termos como “nome do evento + data completa” encontrarão mais facilmente conteúdos que sigam esse padrão.

Tipografia: fontes entre 10 e 14pt

“Usar fonte maior que 10 e menor que 14.”
O tamanho da fonte impacta diretamente a usabilidade. Fontes muito pequenas dificultam a leitura, e tamanhos exagerados prejudicam o layout. Uma dica prática é permitir que o usuário ajuste o tamanho da fonte no próprio site, por meio de controles como A+ / A- ou configurações de acessibilidade.

Manchetes: evite caixa alta e itálico

“Não escrever em maiúscula ou itálico, pois é sinal de exagero.”

Jakob Nielsen reforça isso em Usabilidade na Web (2007), afirmando que textos em letras maiúsculas reduzem a velocidade da leitura em cerca de 10%. Ele explica que parágrafos inteiros em caixa alta geram um bloco visual que prejudica a escaneabilidade e desmotiva o leitor.
Além disso, o uso de letras minúsculas e maiúsculas oferece variações visuais que guiam o olhar do leitor pela estrutura do texto, tornando-o mais natural e eficiente de ler.

Repetição de palavras: não tema

“Repetições podem contribuir para a clareza do texto.”
Evitar repetições a qualquer custo pode prejudicar a clareza. Às vezes, o medo de repetir uma palavra leva o autor a substituí-la por sinônimos difíceis ou pouco comuns, que quebram o ritmo de leitura e obrigam o leitor a buscar significados extras. Use repetições com naturalidade — a prioridade deve ser sempre a compreensão.

Termos simples: sempre que possível

“Votar é melhor do que sufragar; vestibular é melhor do que concurso.”
A linguagem simples facilita a vida do leitor. Isso não quer dizer empobrecer o texto — é tornar a comunicação mais eficaz. Na web, especialmente, vale mais usar termos diretos e acessíveis do que sofisticar em excesso. A clareza vence a erudição.

Público internacional: evite metáforas e regionalismos

“Rever o uso de palavras ou expressões características da língua portuguesa.”
É importante considerar que o conteúdo pode ser traduzido automaticamente, acessado por estrangeiros ou usado como referência internacional. Por isso, evite regionalismos, metáforas complexas ou gírias. Use verbos no infinitivo e expressões de fácil interpretação.

Simplicidade ajuda na interpretação

Mesmo em sites técnicos, é importante considerar o nível de familiaridade do público com o tema. Quando necessário, explique siglas, conceitos e termos mais densos. Uma dica prática:
“Neste artigo, partimos do princípio que o leitor já conhece o conceito de X. Se não conhecer, acesse [link explicativo].”
Esse tipo de abordagem valoriza o usuário e melhora a experiência de leitura.

Conteúdo, usabilidade e SEO andam juntos

Criar conteúdo digital de qualidade é mais do que escrever bem: envolve ética editorial, clareza, estrutura, acessibilidade e compreensão do comportamento do leitor. Todas essas boas práticas influenciam diretamente o SEO. Um conteúdo útil, legível, objetivo e bem organizado é naturalmente otimizado para mecanismos de busca.
Além disso, essas dicas não valem apenas para blogs ou artigos — elas são aplicáveis a e-commerces, newsletters, redes sociais e qualquer outro canal digital.

Usabilidade começa no conteúdo. SEO precisa da usabilidade para entregar resultados. E o bom conteúdo respeita o leitor, sempre.

(Atualizado em 20/06/2025)

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