Data Science e Aprendizado Supervisionado: como realizar Análises Preditivas para o seu Negócio

Erick Beltrami Formaggio

A utilização de dados para a tomada de decisões não é uma novidade no mundo dos negócios. Há décadas, empresas recorrem a indicadores para avaliar desempenho e projetar estratégias que levem produtos e serviços ao sucesso. O que mudou nos últimos anos foi a velocidade e a profundidade com que essas análises passaram a ser feitas, impulsionadas pelo avanço tecnológico.

Hoje, as análises preditivas ganharam protagonismo, permitindo que gestores tomem decisões mais assertivas ao antecipar cenários com base em dados históricos e algoritmos inteligentes.

O que são análises preditivas

As análises preditivas envolvem uma série de técnicas estatísticas — como regressão linear, regressão logística, séries temporais, entre outras — utilizadas para prever comportamentos futuros com base em dados passados. Essas técnicas existem desde antes da transformação digital, mas ganharam nova dimensão com o uso de linguagens de programação, bibliotecas de inteligência de dados e os avanços do aprendizado de máquina (machine learning).

A união entre estatística, ciência da computação e big data elevou o potencial dessas análises. Com isso, tornou-se possível prever com maior precisão tendências de mercado, comportamento de clientes, sazonalidades e riscos operacionais.

Olhar para o retrovisor não basta

Ferramentas como o Google Data Studio são excelentes para visualizar o desempenho passado de sites e campanhas digitais. Por meio de dashboards personalizados, conseguimos detectar padrões, tendências e flutuações sazonais nos dados. Mas apenas olhar para o retrovisor não basta. O diferencial está em antecipar o que vem pela frente.

É aí que entram as análises preditivas: ao aplicar modelos matemáticos à realidade do seu negócio, você começa a tomar decisões fundamentadas em possíveis cenários futuros — reduzindo riscos e aumentando a efetividade das suas ações.

Python e R: as ferramentas da ciência de dados

Na comunidade de Data Science, é comum vermos duas linguagens de programação dominando as análises preditivas: Python e R. Ambas são extremamente poderosas e oferecem bibliotecas robustas para modelagem estatística, machine learning, visualização de dados e automação de tarefas.

Particularmente, utilizo Python com mais frequência — tanto por já ter familiaridade com a linguagem quanto por sua flexibilidade na integração com outras aplicações. Além disso, o ecossistema de Python é muito ativo no Brasil, o que facilita a colaboração e o suporte.

Mas o R também tem seus pontos fortes, especialmente em análises estatísticas mais puras e visualizações complexas. Para algumas comparações, ainda recorro ao R com bons resultados.

Bibliotecas essenciais para análise preditiva

Dentre as bibliotecas que uso com frequência, destaco:

  • Pandas: estruturação e manipulação de dados;
  • NumPy: suporte a arrays e operações matemáticas;
  • Matplotlib e Seaborn: visualização de dados;
  • Scikit-learn: machine learning supervisionado e não supervisionado;
  • Statsmodels: análise estatística e modelagem;
  • pmdarima: aplicação do modelo ARIMA para séries temporais;
  • Beautiful Soup: web scraping, para coleta de dados não estruturados.

Essas bibliotecas formam uma base sólida para quem deseja construir pipelines de dados robustos — desde a extração até a modelagem preditiva.

Previsão de visitas em sites com ARIMA

Quando o objetivo é prever o comportamento de visitas em um site, costumo aplicar modelos de séries temporais, como o ARIMA (AutoRegressive Integrated Moving Average). Utilizando a biblioteca pmdarima, ajusto o modelo aos dados históricos e projeto pontos futuros com base em padrões identificados.

Com essa abordagem, é possível prever o número de sessões futuras e antecipar variações que podem impactar estratégias de conteúdo, mídia e performance. No entanto, mais importante do que prever, é revisar e ajustar.

A previsão precisa ser acompanhada de um sistema de feedback que avalie a acurácia do modelo com o tempo, permitindo seu aprimoramento contínuo — o que nos leva ao aprendizado supervisionado.

Feedback e aprendizado supervisionado

O verdadeiro ganho está na construção de um sistema inteligente que aprende com o tempo. Esse processo se baseia em três pilares:

  1. Captação contínua de dados (via APIs, scripts, plataformas etc.);
  2. Aplicação de modelos preditivos (com base nos dados históricos e no conhecimento do negócio);
  3. Ajustes via aprendizado supervisionado, reavaliando previsões e classificando os dados para aprimorar os modelos constantemente.

Esse ciclo virtuoso transforma dados brutos em conhecimento acionável e estratégico.

Toda previsão precisa de contexto

É fundamental lembrar que nenhum modelo preditivo é infalível. Cada negócio tem particularidades: eventos sazonais, fatores externos, crises, comportamentos atípicos… Um modelo que considera apenas a série temporal, sem incluir variáveis exógenas (como campanhas, calendário promocional, clima, etc.), pode errar — e feio.

Portanto, tão importante quanto aplicar o modelo é conhecer o contexto. Avaliar correlações, identificar influenciadores de mudança e alimentar o modelo com variáveis relevantes é essencial para reduzir os desvios.

A ciência substitui a intuição?

Não completamente. A experiência do gestor, o feeling do empreendedor e o conhecimento de mercado ainda são valiosos. Porém, ao aliar isso a dados concretos e modelos estatísticos bem aplicados, a chance de sucesso cresce exponencialmente.

Ao tomar decisões com base em análises preditivas, você não elimina os riscos, mas os compreende melhor. E isso, por si só, já representa uma vantagem competitiva.

Conclusão

A análise preditiva é um dos pilares da transformação digital nas empresas. Mais do que uma tendência, ela representa uma mudança na forma como planejamos, executamos e corrigimos estratégias de negócio.

Seja em um e-commerce, startup, indústria ou consultoria, o uso inteligente dos dados é uma ferramenta essencial para tomar decisões mais acertadas, reduzir incertezas e construir um futuro mais sólido — baseado em evidências, não em achismos.

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