O tecido de nossas vidas


O mundo digital apresentou-se ao ser humano como uma maravilha, como aquelas coisas imaginadas por Isaac Asimov. Foi como uma nova percepção do ser humano sobre ele mesmo.

Ganhamos novas formas de pensamento, de atuação no mundo e da forma como nos comportamos. As gerações anteriores não dispunham de toda a facilidade que temos quando se trata de obter conhecimento.

A Internet nos conectou e possibilitou que nos comunicássemos em nível global, que fizéssemos parte de um mundo digital. Isso aconteceu com as empresas também, permitindo às mais inovadoras uma competição globalizada.

No campo profissional é normal o trabalho de equipes remotas que interagem via e-mail e outros comunicadores instantâneos. O que antes era um grande impeditivo, já é comum, principalmente por termos esses recursos, que abrangem software e hardware.

Nos tornamos tão digitais, que hoje temos empresas que dependem somente do mercado online, quase sem nenhum tipo de atuação física para elaboração de produtos e serviços. São consultorias, software orientado a serviços, hosts e outros mercados que dependem só da Internet. Empresas que servem somente ao mundo virtual e possuem em suas sedes um ou dois funcionários para manter as máquinas ligadas.

Há também as empresas que dependem da Internet para vender seus produtos físicos, como os sites de e-commerce. Segundo relatório WebShoppers de 2014 (http://www.ebit.com.br/webshoppers), no Brasil, o setor faturou R$28,8 bilhões ao longo do ano de 2013 e o número de consumidores foi de 51,3 milhões. Número que só cresce.

A educação não ficou atrás. Hoje a recuperação de informação possui requintes nunca antes disponíveis, como o Google. Um estudante que, para um trabalho escolar, dependia da enciclopédia britânica, hoje pode dispor de informação online. É lógico que isso também traz problemas de confiabilidade de fontes, contudo há de se provocar nos jovens o senso crítico para determinar o que é confiável.

A navegação na Internet também está mais conectada com nossa mobilidade. Os dispositivos móveis já fazem parte do nosso dia a dia. Primeiro, os celulares, depois, tablets e agora até relógios e óculos com funções ligadas à Internet. Em breve poderão até medir nossas funções vitais, taxa de açúcar no sangue, colesterol e outros dados importantes para nossa saúde.

O maior exemplo do digital trazido para a nossa vida é a trajetória narrada, onde as pessoas vão vivendo seu dia a dia, narrando suas atividades, onde estão, o que estão fazendo, etc. Tudo isso devido ao uso desses dispositivos que nos acompanham todos os dias em casa, no trabalho, na hora da diversão e ao praticar esportes. Esses gadgets fazem parte de nossas vidas.

Manuel Castells disse em seu livro “A galáxia da Internet” (2003, p.7) que a Internet é “o tecido de nossas vidas”. É possível entender que através dela o digital orbita nosso dia e nos deixa cada vez mais conectados uns aos outros, só que ao mesmo tempo perdendo cada vez mais a capacidade de interagir fisicamente conosco e com nossas vidas reais. Esse é o viés da tecnologia que ficará como legado para nossos filhos e nossos netos. O desafio que teremos de enfrentar como seres humanos para continuarmos humanos e não seres vazios que, de tão digitais, carecem de mais realidade física em seu mundo. Cabe, então, ao digital nos conectar às coisas boas de nossas vidas, não nos distanciar delas.

(Artigo Finalista prêmio SUCESU-RS 2014)

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